Bioma Costeiro (N. 210) Parceria: O Porta-Voz e Painel do Coronel
sexta-feira, 18 de maio de 2012
O novo patamar atingido pelo dólar, que nesta semana intensificou sua
trajetória de alta e fechou acima de R$ 2 pela primeira vez desde julho
de 2009, reforça um dilema sempre presente na economia brasileira.
Por um lado o movimento é bem recebido pelo setor exportador, cujas
receitas são em moeda estrangeira e que há muito reclama de desvantagens provocadas pela valorização do real frente ao dólar.
Por outro, pode ter um impacto negativo sobre a inflação, já que muitos
produtos consumidos no Brasil têm seu preço influenciado pelo dólar.
Como o impacto é diferente em cada setor, é difícil chegar a um nível de
câmbio de equilíbrio, que leve em conta a economia como um todo.
'Não existe câmbio ideal', disse à BBC Brasil o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.
Entenda as causas e os impactos da alta do dólar nos diferentes setores da economia brasileira.
Causas
O atual movimento de alta do dólar é fruto de diversos fatores, com destaque para a intervenção do governo e a queda de juros no mercado interno e a piora do cenário internacional, em especial com a recente crise na Grécia, que levou a
um aumento da percepção de risco.
O mal desempenho das commodities - das quais o Brasil é grande exportador
- também teve influência na alta do dólar.
O dólar saiu de um patamar de R$ 1,70 no fim de fevereiro, alcançou R$ 1,80
em meados de março e ganhou mais força ao longo de abril, até romper a
barreira de R$ 2 nesta semana.
O fenômeno não é exclusivo do Brasil e afeta moedas de outros países.
Nesta semana, a moeda indiana, a rúpia, alcançou um mínimo histórico em
relação ao dólar, como fruto da crise na zona do euro, que está afetando os mercados asiáticos.
'Em maior ou menor intensidade, está afetando várias moedas', disse à BBC
Brasil o economista Homero Guizzo, da LCA Consultores.
Inflação
Economistas afirmam que o impacto mais imediato da alta do dólar é sobre a inflação.
Como boa parte dos produtos consumidos no Brasil têm preço influenciado
pelo dólar, ficam mais caros com alta recente, o que aumenta a pressão inflacionária.
Nesta semana, ainda antes de o dólar alcançar o patamar de R$ 2, o boletim Focus, levantamento semanal feito pelo Banco Central com base em consultas
ao mercado, indicava aumento nas estimativas para inflação oficial (IPCA) de 5,12% para 5,22% neste ano.
Esse índice fica acima do centro da meta estabelecida pelo governo, de 4,5%, mas ainda abaixo do teto da meta, de 6,5%.
Segundo analistas, possíveis ações do governo para intervir na alta do dólar
estão condicionadas à inflação.
'Se o governo perceber que a inflação está subindo mais do que esperava, se a meta começar a ser ameaçada, o Banco Central deverá intervir', diz Guizzo.
Consumidores
Por conta da alta nos preços, os consumidores deverão sentir a alta do dólar
de forma negativa.
No caso de produtos importados ou viagens ao exterior, o impacto será sentido mais rapidamente.
'Já há queixas sobre alta de preços de insumos por parte de alguns setores', diz Campos Neto.
Os demais produtos deverão sofrer impacto de forma mais gradativa.
Empresas
As empresas exportadores, que se queixavam da valorização do real frente ao dólar, serão beneficiadas pela alta da moeda americana.
No entanto, esse benefício pode ser reduzido nos casos em que as exportações dependem de insumos importados.
No caso das empresas importadoras, que têm seus custos em dólar, o efeito é negativo.
Além disso, a alta do dólar pode aumentar as dívidas das empresas.
Com a alta do dólar, a tendência é de aumento de exportações e queda de importações.
Esse cenário poderia reduzir o deficit externo brasileiro.
Futuro
Com a instabilidade no cenário externo, analistas afirmam que é difícil prever como será a trajetória do dólar nos próximos meses.
Guizzo, da LCA, projeta que a moeda americana encerre o ano em entre R$ 1,80 e R$ 1,85.
Campos Neto, da Tendências, aposta em R$ 2. 'Continua na dependência de acomodação lá fora. O que não deve acontecer tao cedo', afirma.
BBC Brasil
terça-feira, 8 de maio de 2012
Dólar fecha em alta impactado por preocupações com Europa
EM 08 DE MAIO DE 2012 AS 16H59
Moeda americana encerrou pregão instável com alta de 0,93%, a R$ 1,9387. Mercado segue preocupado com futuro da Europa após eleições.
Crédito: Ilustração
O dólar fechou com alta de 0,93% ante o real nesta terça-feira (8), cotado a R$ 1,9387. No Brasil e no exterior, a moeda americana continuou enfrentando instabilidade por conta das mudanças políticas na Europa. As negociações de segunda-feira já foram influenciadas pelas preocupações com o futuro da crise na região.
No ano, a divisa acumula alta de 3,75% e, só neste início do mês de maio, valorizou 1,66%. Na semana, a valorização está acumulada em 0,66%.
Esta terça foi marcada pela maior queda em quatro meses das ações europeiaspuxada pelas preocupações com as condições de resgate financeiro da Grécia, o que aumenta as incertezas do mercado sobre como a crise da dívida na zona do euro será conduzida. A preocupação também refletiu no recado da chefe do governo alemão, Angela Merkel, ao presidente recém-eleito da França, François Hollande, de que são necessárias medidas para preparar o futuro e impulsionar a prosperidade da UE e da zona do euro. Além disso, a UE decidiu realizar uma reunião de cúpula, no dia 23 de maio para discutir o crescimento a região
O FTSEurofirst, índice das principais ações europeias, fechou com baixa de 1,66%, a 1.017 pontos. A bolsa de Atenas caiu, por sua vez, 3,6%, para o nível mais baixo desde 1992, pressionada pelo setor bancário, que despencou 10%.
Na segunda-feira, também marcada pela volatilidade, o dólar terminou em queda de 0,27% frente ao real, vendido a R$ 1,9208. O dia começou acompanhando os resultados das eleições na França e na Grécia, que refletiam a insatisfação popular com as medidas de austeridade.
Na semana passada, o dólar acumulou alta de 2,08% mesmo sem intervenções da autoridade monetária, que agiu de forma mais expressiva nas semanas anteriores, levando a moeda norte-americana de R$ 1,83 para cerca de R$ 1,88. Desde que a divisa bateu R$ 1,90, o BC não realizou mais leilões de compra à vista.
sábado, 5 de maio de 2012
Dólar avança 0,72%, cotado a R$ 1,926 e renova maior patamar desde julho de 2009
SÃO PAULO - Em sua sexta alta nas últimas sete sessões, o dólar comercial fechou esta sexta-feira (4) com valorização de 0,72%, cotado a R$ 1,926 na venda - seu maior patamar desde 17 de julho de 2009, quando encerrou a R$ 1,928. O dia negativo nos mercados contribuiu para o aumento da demanda por ativos mais seguros. Desta forma, a moeda tem sua 4ª semana seguida de alta, com avanço de 2,08%.
As atenções do mercado ficaram voltadas para o front internacional, com dados do mercado de trabalho dos EUA e o PMI da Zona do Euro. Segundo o relatório de emprego norte-americano, a economia do país criou 115 mil novos postos de trabalho durante o mês de abril, resultado bem abaixo da expectativa de 162 mil. Considerando apenas o setor privado, os postos de trabalho subiram 130 mil, nível também menor do que a estimativa de 167 mil.
Europa também pressiona
Por sua vez, na Zona do Euro, o PMI de serviços da região recuou para 46,7 pontos em abril, frente aos 49,1 pontos de março e abaixo da primeira estimativa, de 47,4 pontos, segundo divulgação do instituto Markit Economics.
A leitura também indica baixa no setor de serviços, que caiu para 46,9 pontos em abril, enquanto que em março o dado havia sido de 49,2 pontos. O resultado também é menor à preliminar de 47,9 pontos.
Poupança em segundo plano
Em menor intensidade, também é possível atribuir às mudanças nas regras de remuneração da poupança a maior aversão ao risco por parte dos investidores.
Segundo as novas diretrizes, sempre que a taxa básica de juro, a Selic, cair para 8,5% ao ano ou menos, a poupança passa a remunerar com 70% da Selic ao ano mais TR (taxa referencial). Quando a Selic estiver acima de 8,5% a.a., a regra permanece a mesma: TR mais 0,5% ao mês.
A possibilidade de uma rentabilidade menor na aplicação abre mais espaço para novos cortes na Selic, que referencia outros investimentos. Assim, a entrada de capital estrangeiro na nossa economia pode ficar menos intensa, o que contibui para a valorização da divisa.
Dólar comercial, futuro e Ptax
O dólar comercial fechou cotado a R$ 1,9253 na compra e R$ 1,9260 na venda, alta de 0,72% em relação ao fechamento anterior. Com esta alta, o dólar acumula valorização de 1,00% em maio, frente à alta de 4,42% registrada no mês passado. No ano a valorização acumulada da moeda norte-americana já chega a 3,08%.
Dólar futuro na BM&F também fechou em alta
Na BM&F, o contrato futuro com vencimento em junho segue cotado a R$ 1,940, valor superior em relação ao fechamento de R$ 1,920 da última quinta-feira. O contrato com vencimento em julho, por sua vez, atinge a marca de R$ 1,945 frente à R$ 1,934 do fechamento de quinta-feira.
O dólar Ptax, que referencia os contratos futuros na BM&FBovespa, fechou a R$ 1,921, queda de 0,34% sobre a cotação de quinta-feira. Na semana, foi registrada um avanço de 1,89%.
Dólar pronto e FRA de Cupom
O dólar pronto, que é a referência para a moeda norte-americana na BM&F Bovespa, registrava R$ 1,9179000.
Por fim, o FRA de cupom cambial, Forward Rate Agreement, referência para o juro em dólar no Brasil, opera a 1,20 para julho de 2012.