domingo, 31 de maio de 2009

Lula descarta medidas para desvalorizar real

KENNEDY ALENCAR
colunista da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva dedicou enorme tempo de suas últimas conversas reservadas a discutir o efeito sobre a economia da nova onda de valorização do real na comparação com o dólar. Na sexta 29 de junho, o dólar terminou o dia cotado a R$ 1,97 --primeira vez em oito meses abaixo dos R$ 2.

Conclusão principal das conversas de Lula: não há muito o que fazer. Ou seja, descartou, por ora, medidas cambiais específicas. Exemplo: voltar a cobrar IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de investimentos externos.

Para o presidente, uma medida como a cobrança do IOF teria um custo-benefício baixo numa hora em que o Brasil é visto como porto seguro na crise. O discurso de que o Brasil entrou depois e está saindo antes da crise internacional poderia ser arranhado, acredita o presidente. Na visão do petista, melhor surfar na boa propaganda de que o país é um bom lugar para receber recursos externos, por mais que hajam efeitos colaterais sobre as exportações.

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Drible monetário

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que tem se notabilizado pela habilidade em fugir das pressões de Lula e do ministro Guido Mantega (Fazenda), jogou no ar a possibilidade de cobrança de IOF. Sabia que, por ora, seria improvável a adoção, mas tirou pressão de duas outras alternativas para intervir no câmbio: acelerar a queda dos juros e voltar a comprar reservas cambias em dólares.

O BC vai continuar a reduzir os juros, mas quer fazê-lo dando um desconto às pressões de Lula e Mantega nesse sentido. O atual patamar de reservas cambiais, cerca de US$ 200 bilhões, é considerado satisfatório pelo BC. Deu resultado na crise, amortecendo o impacto da crise externa.

Os chumbos trocados na equipe econômica acabam anulando uns aos outros.

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Próximo lance

O Copom (Comitê de Política Monetária) terá reunião na próxima semana, dias 9 e 10 de junho. O Copom é o órgão formado pelos diretores do BC que se reúne a cada 45 dias para fixar os juros básicos, a Selic, hoje em 10,25% ao ano. Será a quarta reunião do ano do Copom. Faltarão outras quatro.

Na avaliação de integrantes da cúpula do governo, Lula fará pressão por uma taxa que chegue ao final do ano na casa dos 8%. Esses próprios integrantes acham que o BC que ficar na faixa dos 9% anuais.

Trocando em miúdos: uma decisão de redução superior a 0,5 ponto percentual contemplaria o desejo de Lula. De 0,5 ponto para baixo, seria o BC conservador e velho de guerra. Caso seja exatamente meio ponto percentual, poderíamos falar em empate com viés pró-BC.

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Socorro a exportadores

No cenário de deixa como está para ver como fica, o governo estuda medidas setoriais para os exportadores. Seria uma combinação de mais crédito com alguma redução de impostos. O problema é que o espaço para essas medidas é pequeno num momento de queda na arrecadação de tributos.

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Discurso fácil

Nada como dar bater nos políticos. A população gosta, e motivos não têm faltado. Mas nem tudo são espinhos. O debate sobre a reforma política, por exemplo, tem sido bom. Fazia tempo que não se via uma discussão sobre o voto em lista e o financiamento público descer aos detalhes.

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), está certo em forçar uma decisão do Congresso, ainda que ela seja não modificar nenhuma das atuais regras político-eleitorais. O Legislativo não trabalha só quando vota.
Kennedy Alencar, 41, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Dólar cai 1,69% e fecha abaixo de R$ 2 pela 1ª vez em sete meses

Da Redação
Em São Paulo

A cotação do dólar comercial caiu 1,69% nesta sexta feira, a R$ 1,975. É a primeira vez em mais de sete meses que a moeda fechou abaixo de R$ 2,00. A última vez foi em 1º de outubro, quando a cotação chegou a R$ 1,925.

Este foi o sexto dia seguido de queda e a 15ª semana de desvalorização da moeda no ano. A moeda fechou o mês de maio com queda acumulada de 9,49%, o maior recuo mensal desde 2003. Na semana, a baixa é de 2,52%. No ano, o recuo é de 15,4%.

sábado, 23 de maio de 2009

Dólar entra em queda livre, BC em alerta e Mantega diz que real valorizado preocupa

O Estado de S. Paulo


Mantega diz que real valorizado preocupa

A alta no fluxo de dólares no Brasil, e a conseqüente valorização do real, preocupa o governo, disse Guido Mantega (Fazenda). O dólar fechou ontem em R$ 2,027 e já se desvalorizou 13,2% no ano. Segundo o ministro, isso prejudica o setor produtivo, a agricultura e a exportação. Para analistas, Mantega tenta pressionar o Banco Central a manter o ritmo de queda do juro básico. (págs. 1, B1 e B2)

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Correio Braziliense


Dólar entra em queda livre e BC, em alerta

Moeda americana perde mais valor no Brasil e fecha a semana cotada a R$ 2,027. Analistas dizem que Banco Central não conseguirá detê-la e, inevitavelmente, taxa de câmbio cairá abaixo de R$ 2. Neste ano, o dólar já perdeu 13,4% do valor frente ao real. (págs. 1 e 18)


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sábado, 16 de maio de 2009

Lula vai à China propor fim do uso do dólar no comércio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai propor ao seu colega chinês, Hu Jintao, na próxima terça-feira (19), que o comércio entre Brasil e China seja feito na moeda dos dois países.

"Nós não precisamos de dólares. Por que dois países importantes como China e Brasil têm que usar dólares como referência, em vez de suas próprias moedas?", afirmou Lula, em entrevista à revista chinesa Caijing (Finanças).

O presidente brasileiro chegará a Pequim na segunda-feira (dia 18), para uma visita que vai durar pouco mais de 48 horas. A ampliação do peso dos países em desenvolvimento nos organismos multilaterais será outro ponto crucial do encontro de trabalho que ele terá com Hu Jintao às 17 horas de terça-feira (horário local). Antes disso, na segunda-feira, os dois presidentes vão jantar juntos.

Brasil e China possuem uma série de posições comuns nas negociações de liberalização comercial da Organização Mundial do Comércio (OMC) e respondem por metade da sigla Bric - a outra metade é formada por Rússia e Índia. Os dois países também se alinharam na reunião do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, representadas por 19 países ricos e emergentes e pela União Europeia), realizada em abril, em Londres, para discutir a crise financeira internacional. Ambos defenderam a ampliação da presença das nações emergentes em organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial e uma reengenharia financeira global.

"Foi a primeira fez que estive em encontros nos quais os países ricos, que no passado sabiam tudo, não sabiam nada. Hoje, nós podemos discutir em condições de igualdade decisões que antes excluíam Brasil e China", destacou o presidente Lula. A proposta de adoção de moedas nacionais no comércio bilateral está em linha com reiteradas manifestações de autoridades chinesas em defesa de uma alternativa ao dólar na economia internacional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.



Fonte: Agência Estado