quinta-feira, 5 de abril de 2012

Entrada de dólares no país cai 47% no trimestre, para US$ 18,7 bi, diz BC




No mês passado, governo tomou medidas para impedir ingresso de dólares.
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Em março, no entanto, resultado ficou quase estável frente a fevereiro.
No mês passado, governo tomou medidas para impedir ingresso de dólares.


Informações divulgadas nesta quarta-feira (4) pelo Banco Central mostram que o ingresso líquido de dólares na economia brasileira, ou seja, acima do volume de retiradas de recursos do país, recuou 47,3% no primeiro trimestre deste ano, para US$ 18,72 bilhões, na comparação com o mesmo período do ano anterior. De janeiro a março de 2011, a entrada de dólares na economia brasileira havia somado US$ 35,59 bilhões.

Para Sidnei Nehme, economista da NGO Corretora, este quadro mostra que "é perceptível que a destacada 'enxurrada' ou 'tsunami monetário' não chegou por aqui com as dimensões que vêm sendo sugeridas ou propagadas".

Em março, no entantanto, o ingresso de divisas no país somou US$ 5,74 bilhões. Em janeiro e fevereiro, respectivamente, a entrada dólares havia totalizado US$ 7,28 bilhões e US$ 5,7 bilhões. Os números mostram, assim, que a entrada de divisas ficou praticamente estável de fevereiro para março, apesar das medidas anunciadas pelo governo no mês passado para conter a "enxurrada" de dólares".

Razões para o ingresso de dólares
Mesmo tendo registrado queda frente ao primeiro trimestre do ano passado, economistas apontam que o ingresso de divisas no país está relacionado com as captações de recursos no exterior efetuadas por empresas brasileiras - operações que somam mais de US$ 18 bilhões. As operações aconteceram após o Tesouro Nacional lançar papéis no mercado internacional - que servem de referência para o setor privado.

Além disso, o cenário de elevada liquidez global, com o Banco Central Europeu injetando rrecursos nos mercados, pode contribuir para o ingresso de divisas no Brasil. O país combina um cenário de crescimento da economia com uma das maiores taxas reais de juros (após o abatimento da inflação prevista para os próximos doze meses) do planeta.

Medidas
No começo de março, o Ministério da Fazenda anunciou a ampliação do prazo de incidência do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% para empréstimos buscados no exterior por empresas de dois para três anos. Posteriormente, o prazo de incidência do IOF majorado subiu para 5 anos.

O Banco Central, por sua vez, definiu em março que os exportadores que desejarem receber antecipadamente por suas vendas externas, nos chamados pagamentos antecipados (PA), deverão enviar o produto ao exterior em até 360 dias - limitando, assim, estas operações. Até o momento, não havia prazo formal para o envio.

Outra decisão que também contribui para "aliviar" o ingresso de dólares no Brasil, e, consequentemente, a pressão pela queda da cotação da moeda norte-americana, foi a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de baixar os juros de 10,5% para 9,75% ao ano.

Impacto na cotação do dólar
O ingresso de recursos no país, que foi registrado em março, teoricamente favorece a queda do dólar, segundo analistas. Isso porque, com mais dólares no mercado, seu preço tenderia a ficar mais baixo. Em março, porém, o dólar registrou alta de mais de 6%, fechando cotado a R$ 1,82, contra R$ 1,74 no fim de fevereiro.

Um fator que impediu a queda do dólar foram as compras de divisas efetuadas pela autoridade monetária. Em março, o BC comprou US$ 3 bilhões no mercado à vista e US$ 7 bilhões no mercado a termo. O anúncio de medidas por parte do governo no mês passado também pode ter contribuído, segundo analistas, para evitar a queda na cotação da moeda norte-americana.


Fonte: Portal G1