segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Exportações dão sustentação à queda do dólar, dizem economistas

Moeda americana está no menor valor em sete anos, e tendência é de desvalorização.
De 2000 a 2007, saldo comercial nacional aumentou mais de 30 vezes.

Dennis Barbosa e Laura Naime

Do G1, em São Paulo

O dólar fechou a segunda-feira (29) cotado a R$ 1,756, acumulando queda de quase 20% desde o início do ano. O valor de fechamento é o menor desde abril de 2000 – mas o movimento de queda está baseado em fundamentos mais sólidos do que há sete anos.

"Em 2000, parte da desvalorização do dólar foi puxada pela entrada de capital de curtíssimo prazo, que é muito volátil", diz Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria. Esse capital de curto prazo vinha em busca da remuneração propiciada pela alta taxa de juros, então em 16,5% (outubro de 2000). Embora continue atrativa ao capital estrangeiro, a taxa atual é muito mais baixa: 11,25%.

A economista aponta ainda que, em 2000, no auge das privatizações, a venda das estatais trouxe um fluxo anormal de capital estrangeiro para o país, o que contribuiu para que o dólar perdesse valor frente ao real.

Naquele ano, a economia do país ainda se recuperava de uma forte deterioração. No início de 1999, o câmbio havia explodido, chegando a R$ 2,16. "Teve um sustinho aí no meio do caminho. Em 2000, ainda era um período pós-crise", diz Alessandra.

Balança comercial

Já em 2007, o fator determinante para explicar a queda na taxa de câmbio é o fluxo comercial, segundo Alessandra.

De janeiro a setembro de 2000, as exportações brasileiras somaram US$ 41,399 bilhões e as importações, US$ 40,682 bilhões. De lá para cá, as importações dobraram – passando a US$ 85,652 bilhões nos nove primeiros meses de 2007. As exportações, no entanto, registraram alta sensivelmente maior, passando a US$ 116,599 bilhões, influenciadas especialmente pela alta nos preços das commodities.

Essa diferença fez com que o saldo da balança comercial passasse de US$ 717 milhões entre janeiro e setembro de 2000 para US$ 30,94 bilhões no mesmo período deste ano. "Isso tem feito com que sobre dólar aqui e resulta em apreciação do real", explica a especialista. Ela considera que, por conta dessa diferença, o fluxo comercial não foi determinante da alta da moeda brasileira naquele ano. "O que a gente tinha era um fluxo financeiro mais forte", diz.

Bolsa e reservas

O economista Joe Yoshino aponta que a recente onda de abertura de capitais de empresas no Brasil também foi responsável pela forte entrada de recursos no país. "Se você observar as aberturas de bolsas no Brasil, quase 70% do capital é estrangeiro", diz o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), da Universidade de São Paulo (USP).

A situação das reservas brasileiras também está mais benigna em 2007 do que em 2000. Enquanto em outubro de 2000 as reservas do país eram de US$ 30,3 bilhões, o Banco Central divulgou que o país chegou a US$ 166,6 bilhões na última sexta-feira (26). Com mais dinheiro em conta, a tendência é de desvalorização.

Yoshino aponta, no entanto, que a situação atual também apresenta riscos. "A conjuntura atual externa é muito favorável, mas não houve reforma estrutural para aumentar o equilíbrio da economia", diz. "O maior gasto do governo é em consumo, não investimento. Isso aumenta o prêmio de risco do Brasil. É cedo para ser otimista".

Fonte:
http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL162596-9356,00-EXPORTACOES+DAO+SUSTENTACAO+A+QUEDA+DO+DOLAR+DIZEM+ECONOMISTAS.html

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